O futuro dos ERPs

Por Rafael Ogeda em

Por mais de três décadas, os sistemas ERP foram a espinha dorsal da tecnologia corporativa, unificando finanças, RH, operações e logística.

No entanto, o modelo que sustentou a eficiência organizacional ao longo do tempo está cada vez mais inadequado para atender às demandas atuais de inovação.

No Street Smart 2025, evento anual da Rimini Street que aconteceu em São Paulo, apontamos essa revolução de modelo: o ERP, como conhecemos, está morrendo.

Longe de ser uma previsão apocalíptica, trata-se do reconhecimento de que a arquitetura monolítica e inflexível já não suporta o ritmo de evolução exigido pelos negócios digitais.

Por que o modelo tradicional se esgotou

Cerca de 64% dos projetos de ERP ultrapassam o orçamento previsto, e mais da metade sofre atrasos significativos. Isso reforça a percepção de que, embora essenciais, os ERPs tradicionais impõem altos custos às empresas e oferecem baixa agilidade.

Ao mesmo tempo, cresce a pressão para adotar inteligência artificial, automação e experiências digitais mais ágeis. No entanto, a rigidez dos sistemas atuais torna difícil acompanhar esse ritmo de mudança.

A Era Agêntica

O futuro do ERP não é um sistema maior ou mais caro, mas uma mudança radical.

Nesse modelo, o ERP deixa de ser o centro e se transforma em parte de uma malha inteligente de microsserviços, todos orquestrados por uma camada superior que integra dados, processos e experiência do usuário.

Plataformas como a da ServiceNow tornam essa orquestração possível, oferecendo flexibilidade e governança em ambientes complexos.

A inteligência artificial deixa de ser acessório e se torna o novo sistema operacional das empresas. 65% dos fornecedores de ERP já incorporaram IA e machine learning em 2025, permitindo a criação de agentes inteligentes, adaptativos e capazes de aprender com contexto e intenção.

E esse modelo permite ambientes plug-and-play, em que fluxos de trabalho podem ser adicionados ou substituídos em semanas, não anos.

Impactos para o Brasil

Para empresas brasileiras, que enfrentam orçamentos restritos, escassez de talentos e desafios regulatórios, a Era Agêntica traz uma oportunidade interessante: inovar sem disrupção.

Na prática, isso se traduz em ganhos concretos para as companhias.

Imagine um processo de gestão de estoque que, no modelo tradicional, levaria 20 minutos e vários cliques.

Em um ambiente de orquestração inteligente, pode ser concluído em apenas 1 minuto, com três cliques, graças a agentes de IA que automatizam etapas repetitivas e eliminam retrabalho.

O novo papel do CIO

Com essa transformação, o papel do CIO também evolui. Mais do que um guardião da infraestrutura, ele se torna estrategista de inovação, responsável por conectar pessoas, dados e processos.

A agenda agora inclui:

Relatórios recentes confirmam essa tendência: 41% dos CIOs já se posicionam como estrategistas de IA e transformação digital.

O fim do ERP como conhecemos

Na prática, o ERP não desaparecerá, mas perderá o protagonismo. Ele passará a ser uma fonte de dados dentro de um ecossistema inteligente e flexível, em que a orquestração é guiada por IA.

Entramos na Era Agêntica, em que a inteligência artificial não é mais uma promessa, mas a realidade operacional das empresas. Para o Brasil, isso significa a chance de transformar sem disrupção, extraindo mais valor dos sistemas existentes enquanto se prepara para o futuro.

Por Helio Matsumoto, Chief Technology Officer da Rimini Street na América Latina

FONTE: Blog TIinside